Unidas pelo mesmo espírito aventureiro. A marinheira
viajante e a bússola viajada movidas pelo desejo navegar. Navegar pura e
instintivamente. Explorando lugares desconhecidos e experenciando sensações
inusitadas. A bússola guiava a marinheira a ilhas nunca visitadas antes, a
paisagens nunca exploradas em outro momento, a águas meio turvas e mexidas, a
um ponto em condições de atracar. Por não conhecer aquele território e não ter
o domínio de pra onde estava sendo levada, a marinheira começou a desconfiar de
sua bússola.
Munida pelo senso de direção a bússola parou de indicar direções
(sim é contraditório, a própria bússola se perdeu). Chateada por querer se
situar e saber em que direção sua embarcação estava indo, a marinheira jogou
sua bússola no mar. Preferiu se desfazer dela por achar que sua única utilidade
era dizer onde estava e para onde ir. Sem a bússola, a marinheira navegava por
si própria, voltando navegar pelas mesmas águas calmas e claras, ilhas
conhecidas e lugarejos que sua embarcação já conhece, repetindo trajetos e
ciclos.
Após afundar, chegando no fundo do mar, a bússola foi
acolhida por um cardume de peixes, e subitamente voltou a funcionar, apontando
direções corretas e precisas. A riqueza daquela
fauna marinha a inspirava, a serenidade do movimento das águas profundas a
tranquilizavam...lá a bússola conseguia ser ela mesma. Onde se perdeu foi
quando conseguiu se achar.
Não sabia a
marinheira que a plenitude do funcionamento de sua bússola se dava nas profundezas,
e não na superfície.
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