Aquela que toma qualquer forma
Foge do padrão, não segue a norma
Muda seu estado, varia com a temperatura
Avança sem pedir licença
Entra pela mata escura
Todos sentem sua presença
No mar ou na chuva descendo a rua
Abastece as margens
Produz belas imagens
Em abundância sempre bem recebida
Elemento água, fonte de vida
Psicólogo, Percussionista, Pisciano e adorador de cinema, teatro, música, fotografia e do mar. Gosto de brincar com as palavras.Uso este blog para dar vazão às muitas inquietações que tenho em relação a vida cotidiana seja em tom crítico ou poético. Serve, sobretudo,para expressar um lado mais lúdico e artístico com a palavras e estimular a reflexão.
terça-feira, 21 de abril de 2015
Estrada pra roça
Lá mesmo onde o tempo parou
A beleza da vida se desvendou
Conversa fiada de fim de tarde
Pouca zuada, nenhum alarde
Cheiro de mato e terra molhada
E aquele cafezinho com bolacha
Pra dar o tom da prosa falada
Avoador, polvilho, amendoim e canjica
É na cozinha onde tem a resenha mais rica
Bolo de aipim, pamonha e suco de mangaba
Alimento partilhado
Encontro ritualizado
A beleza da vida se desvendou
Conversa fiada de fim de tarde
Pouca zuada, nenhum alarde
Cheiro de mato e terra molhada
E aquele cafezinho com bolacha
Pra dar o tom da prosa falada
Avoador, polvilho, amendoim e canjica
É na cozinha onde tem a resenha mais rica
Bolo de aipim, pamonha e suco de mangaba
Alimento partilhado
Encontro ritualizado
Paralelepípedos e aslfato
Entre paralelepípedos e asfalto liso prefiro caminhar na imperfeição das pedras amontoadas. Aquelas, que um dia podem até já ter sido obstáculos, hoje entortam os passos e nos tiram (?) da rota. Mesmo juntinhas deixam brechas. Constroem novos trajetos possíveis e uma condição de resiliência, pois estimulam o inusitado (espiritualidade) produzindo novas perspectivas (racionalidade) e uma simplória metáfora: não há simetria na vida.
Snapchat, Meerkat e Periscope
Esse três aplicativos de nomes estranhos, além de nos tornar poderosos comunicadores devido ao seu alcance, permitem também que as imagens e vídeos postados na rede sejam vistos e, logo depois, instantaneamente apagados. Ou não-armazenados. As ferramentas podem ser benéficas, mas a questão é: que uso faremos delas?
A era do efêmero já chegou aos aplicativos. Talvez, (talvez...) seja só um reflexo de como a ética da humanidade já está em processo de decomposição: comprometimentos pontuais sem laços significativos; no jogo do deletável, a indiferença e o descompromisso se tornam comuns; nada precisa arquivado, guardado, plenamente experenciado ou dignamente vivido; a ambiguidade de se vivenciar papéis sociais de celebridade/anonimato põe à nu a a essência das postagens desses aplicativos: contraditoriamente, a falta de implicação social. Não há código regente. Aquilo que poderosamente informa, também vai definhando o metabolismo das relações.
Existe aí uma bifurcação moral silenciosa, perigosa e (espero estar errado!) não muito promissora.
A era do efêmero já chegou aos aplicativos. Talvez, (talvez...) seja só um reflexo de como a ética da humanidade já está em processo de decomposição: comprometimentos pontuais sem laços significativos; no jogo do deletável, a indiferença e o descompromisso se tornam comuns; nada precisa arquivado, guardado, plenamente experenciado ou dignamente vivido; a ambiguidade de se vivenciar papéis sociais de celebridade/anonimato põe à nu a a essência das postagens desses aplicativos: contraditoriamente, a falta de implicação social. Não há código regente. Aquilo que poderosamente informa, também vai definhando o metabolismo das relações.
Existe aí uma bifurcação moral silenciosa, perigosa e (espero estar errado!) não muito promissora.
sexta-feira, 3 de abril de 2015
Insuficiência e Tédio - (ou a Ditadura da Felicidade)
Se a felicidade humana, (seja ela
rara ou constante, tímida ou efusiva) se baseia em: (1) comprar coisas (adquirir
para ter; ter para exibir; exibir para se sentir bem), (2) estar com alguém que
nos compreenda e nos faça feliz no campo amoroso, (3) viagens com amigos para
lugares pitorescos ou badalados e, (4) encontros cotidianos singelos que
traduzem a sociabilidade humana e que fazem nos sentir vivos; então, a vida não
passa de uma grande incompletude.
Buscar fora, constantemente, qualquer forma de satisfação, miúda ou plena, só demonstra o tédio e a insuficiência que é estar só. E, também, afirma (uma vez que oculta) nossa atual condição solitária que insistimos em negar: o abismo é temeroso e a angústia não é bem vinda. O primeiro ninguém quer ver. O segundo ninguém quer sentir. Para não lidar com o que incomoda (a solidão), vamos nos “embebedando na farra do prazer”, seja ele superficial ou temporário.
Buscar fora, constantemente, qualquer forma de satisfação, miúda ou plena, só demonstra o tédio e a insuficiência que é estar só. E, também, afirma (uma vez que oculta) nossa atual condição solitária que insistimos em negar: o abismo é temeroso e a angústia não é bem vinda. O primeiro ninguém quer ver. O segundo ninguém quer sentir. Para não lidar com o que incomoda (a solidão), vamos nos “embebedando na farra do prazer”, seja ele superficial ou temporário.
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