Conversando com um amigo meu, e ele dizendo em tom queixoso
que não via evoluções importantes em sua vida de uns tempos pra cá, que só se
via andando pra trás, como se só estivesse “dando ré”! Eu retruquei, disse que
dar ré não é necessariamente algo negativo ou que simbolizasse um fracasso e
desde de então venho pensando nisso, nessa metáfora. Sobre o outro sentido
possível ao “dar ré”.
Dar RÉ é andar pra trás, ok. E ninguém gosta de andar pra
trás, fato. Andar pra trás passa a ideia de coisas ruins, de estar parado no
tempo, de estar sendo ultrapassado. De retroceder, de regredir, de renunciar...enfim,
de fracassar. Mas existem também outras possibilidades (como tudo na vida) de “dar
RÉ” que surgem quando conseguimos REsignificar comportamentos e situações... REestabelecer,
REadaptar, REacordar, REencantar, REviver, REver, REpensar, REfletir, REcriar, REintegrar,
REordenar, REeducar, REnovar, REciclar para REvigorar. Pois é, usamos a “RÉ” em muitos episódios no
dia-a-dia, talvez por uma filosofia de vida mais fraterna, menos desigual, mais
lúdica, mais saudável, e, sobretudo mais flexível. Acho que, só o orgulhoso,
por não rever, e o ignorante por não repensar, são tipos que têm sérias
dificuldades em “dar ré”. O primeiro, por sua arrogância e presunção, pode até
ter a clareza, mas o seu afeto o engole; o segundo por não ter condições de
resignificar, talvez até tenha o sentimento, mas lhe falte clareza e
discernimento.
Podemos e devemos “dar ré” na vida mais vezes, sem
necessariamente carregar esse sentimento de que estamos nos atrasando,
fracassando ou ficando estagnados na vida. “Dar ré” é reciclar a alma, e pra
isso, humildade é condição fundamental.