sábado, 7 de novembro de 2015

Me desculpe

Primeiramente, me desculpe.

Me desculpe por não atender suas expectativas. 
Me desculpe por gostar mais de água de côco do que de cerveja, de vinho do que de whisky e de acarajé do que de um big mac.
Me desculpe por ver a vida tão mágica e bela e achar, infantilmente, que a fantasia pode superar a aspereza do cotidiano.
Me desculpe se faço malabarismos com o humor e com a imaginação pra tentar te agradar em vão.
Me desculpe se minha resiliência de nada lhe serve e que você acha que isso não passa de psicologismos.
Me desculpe também se a comunicação é truncada e eu lhe pareço inacessível.
Me desculpe se ando cansado, sabe como é né? A rotina é cruel.
Me desculpe se fui leal e franco, ainda que soubesse que seria desnecessário.
Me desculpe por gostar mais de Gilberto Gil, Alceu Valença e Lambadas do que de Caetano, Otto e bossa nova.
Me desculpe por insistir teimosamente em ser lúdico e não em ser prático e objetivo num terreno de concreto.
Me desculpe pela fé no misticismo e na espiritualidade e por acreditar que existe algo maior.
Me desculpe por tentar e me desculpe também por te querer bem.
Me desculpe por acreditar na mudança do outro.
Me desculpe sobretudo pelas numerosas desculpas.
Me desculpe também por ser humano.