segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Contos de uma sexta-feira 13 - III (despedida)

É chegada a hora
ora...
partidas não me soam bem
neblina que fecha vendas
cobre vales

te dou um abraço, te sinto
te beijo...macio

Saio caminhando
sensação estranha
trilha sonora encenava
outro desfecho

mas é isso
se te quero
só me serve inteira
plena, em paz consigo mesma

Seria uma despedida com sabor de começo?







sábado, 21 de dezembro de 2013

Contos de uma sexta-feira 13 - II (encontro)

La estava ela, a imperatriz
Bem ali, na minha frente
a poucos metros do meu alcance
não usava o vestido azul e branco estampado
como no sonho de outrora
Águas calmas, barco solitário
em mar aberto que ancora
pouso e miragem
doce como chuva de caju

"Você que rouba meu sonho
Nave galera encantada
Me diga por quem me ponho
nas ondas da madrugada"

Da  música "mar noturno" extraio meu sentimento
composta pelo meu compadre Silvio Carvalho
nesse fado que nada tem de melancólico
se apega o meu alento


domingo, 15 de dezembro de 2013

Contos de uma sexta-feira 13 - I (presságio)

As palavras pareciam anunciar
Sim, as palavras daqui
o diluir, a intuição e o destino

Indicavam que o desencontro
que perdurara longo tempo nesta província
estava com os dias contados
Quis que fosse num dia cantado

Quem?
Os anjos do engenho
Retaliação para os supersticiosos
Esperança para os que esperam tempos difíceis


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Canalhices e Cafajestagens

Instruções para leitura:
 1-Isto não é um confronto polêmico de gêneros
 2-Se for homem pule os itens 3 e 4 e vá direto ao texto
 3-Leia racional e impessoalmente
 4-Leitura não recomendada se estiver na TPM

 “Ah, fulano só quer curtir. Ele não quer nada. É um cafajeste". Pela não rotulação do comportamento masculino e a favor do discernimento feminino.

 Por qual razão sempre cabe ao homem o papel de canalha e cafajeste? Quanto mais se torna dominante a ideia de que nenhuma vontade deva ser reprimida, mais cresce nossa incapacidade de lidar com a insatisfação. A insatisfação é geral, bem como intercorrências e desvios de rota que vão de encontro ao nosso desejo.

 As mulheres deviam se preocupar com o que tem a oferecer enquanto universo feminino, pessoa, seu estado de humor, comportamento, charme, temperamento, energia, espiritualidade, sua aparência, uma boa conversa (fundamental), se caracterizando assim uma ótima companhia. É um ato de mesquinharia conosco atribuir ao outro nossa condição de felicidade. Ainda que, e eu concorde, seja “impossível ser feliz sozinho”. O que não justifica que você tenha que ficar enviando convites para jogar candy crush e criminal case milhares de vezes.

 Um beijo hoje em dia não pode ser atestado de nada. O fato de terem se beijado não reconhece firma em cartório e nem garante que nada (ou tudo) tenha de fluir a partir disso. Ah é, mas tem a ansiedade feminina em querer definir as coisas e a angústia inquietante de viver no indefinido. Sim, mas nem a ansiedade nem a angústia nos impedem de pensar. Viver na aflição pode ser de um grande aprendizado para compreender as “canalhices e cafajestagens”. A química, as reações de ambos no desenrolar do processo e a forma de envolvimento do outro são elementos que influenciam o querer. Desejo não se furta, e muito menos se impõe. Mulheres (alguns homens também, mas são minoria) querem imputar o seu desejo. Não é por aí.

 Canalhices e cafajestagens é o que uns fazem com os outros (seja qual gênero for) quando projetam no outro expectativas atuais embasadas em frustrações e satisfações de relacionamentos anteriores. Ou cobrando indiretamente que o outro goste ou queira na mesma proporção que você. Aí anula-se a possibilidade da conquista, que é o grande barato da estória, e cai-se num patrulhamento afetivo. A vigilância sentimental é tão opressora para o homem quanto uma ditadura é pra Che Guevara. Canalhices e cafajestagens são atribuições desnecessárias, pesadas e exageradas ao caráter de alguém, feitas por pessoas que querem relacionamentos egoístas. Canalhice é você, homem ou mulher, culpar o outro por não gostar de você como você gostaria que ele ou ela quisesse, sem perceber qual a sua parcela nisso. Cafajestagem é ser insuficiente pro outro(a) e exigir reciprocidade; é fracassar na conquista e responsabilizar o outro através do jargão já gasto e comum da “cafajestagem masculina”.

Há uma diferença básica entre: o não querer nada; o não querer nada neste momento da vida; e o não querer nada com você. Sugiro diferenciarmos para não generalizarmos e não cair no erro leviano de sair por aí metralhando juízos de valor ao outro.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Diluir

A crosta se desfazendo
erupções desencastelando
água e estrada
entrocamento, bifurcações... interseções

mergulhei na imensidão
com vontade de te achar
por vezes me pergunto:

estaria ela pronta para sentir
 o que sente o pescador pelo mar?

Cabaret da sereia

"Espuma no ar
Reveillon
 Tão misteriosa canção
 O tempo passou pelo meu coração
Estrela do mar
 Solidão

 Um barco sangrando no cais
 A terra rodando prá trás
 Me deu vontade de encontrar você
 Queria gritar
Mas lembrei Que ali era praia de pescador

 Ah! meu amor
 Se eu pudesse caminhar
 No azul do mar
 Nunca mais voltar

 Faria uma casa pra morar
 Daria um beijo no luar
 Iria cantar no cabaret da sereia

 Pescava na sala de jantar
 Deixava o vento me levar
 A noite chegou eu acordei
 Na areia...
 Se eu pudesse caminhar
 No azul do mar
 Nunca mais voltar"

Intuição e destino

Falar sem dizer
argumento sem explicar
desejo sem tocar
sentir sem encontrar

Acasos de uma distância tão próxima

Tocando o encontro
o desejo é inexplicável
o sentimento não precisa ser dito
e nem a fala precisa de argumento

Constatações da semana

- Os mijões de rua de Salvador continuam fazendo suas proezas. Cada vez mais sofisticados, se superam atuando em lugares inusitados

 - Shopping Iguatemi já é o novo Shopping Piedade

 - Posto de gasolina ainda é um grande refúgio para o tédio coletivo. Ver um aglomerado de gente desconhecida e vários carros com o porta-malas aberto disputando acirradamente qual gênero musical prevalece é tão insignificante quanto o valor que essas pessoas dão ao seu próprio tédio.

 - O samba da Bahia, aquele de raiz, vai muito bem obrigado: Juliana Ribeiro, Roberto Mendes, Raimundo Sodré, Antonio Carlos e Jocafi, e Riachão agradecem!

 -Aplicativos de relacionamentos e seus derivados decretam o fim do romantismo

O que é o que é?

- vive tempos difíceis

- está banalizado

- é igual a Lombardi e cabelo de freira. Ninguém nunca viu, mas sabemos que existe

- muita gente acha que sabe o que é sem nunca ter vivido um

- muitos dizem que é o que ainda pode salvar o mundo

- primeiro sucesso da dupla Zezé di Camargo e Luciano

R: É o amor.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Querer V (o Quinto querer)

Enquanto não tenho você perto
vou namorando suas palavras...
é a melhor forma de sentir você.