quarta-feira, 27 de maio de 2015

Exílio

Isolado e bem tratado
fragmentado.
Animado, motivado
largado
exilado
remediado


Destemido

Chegado a uma ironia
nunca se rende
nada lhe prende
vive da disritmia



quarta-feira, 20 de maio de 2015

Prateleiras e Compartimentos

Já tenho três semanas tentando escrever esse texto, estacionado no primeiro parágrafo. A inspiração, disciplina ou criatividade deviam estar guardadas ali, em alguma prateleira dessas que a gente deixa dentro de nós "coisas" que gostamos. Ficamos ali “paquerando” ela, mas ainda não estamos “dispostos” pra executá-la.

 Pode ser um ato consciente de prorrogar, pois a ação requer uma dedicação de tempo que ainda não temos disponível. Pode ser também um hábito (e nesse caso é mais grave!) de procrastinar, deixar pra depois, jogar pra frente. Há pessoas que funcionam melhor na confusão que a pressão do tempo/prazo exerce. 

Veja bem, aí você pode se enrolar todo lá na frente. Funcionar na tríade “protelar-acumular-executar” pode ser arriscado. Ainda assim considero essas pessoas portadoras do dom da procrastinação. Estamos falando de um talento. Trata-se de um equilibrista social que vai administrando as tarefas de seus diversos segmentos e que só consegue ativar o uso da prateleira e dos compartimentos quando se está de frente com esta condição de adiamento. O corpo não está pronto para agir. A mente não está pronta para pensar... ainda! Enquanto isso, algumas distrações e micro-entretenimentos vão decorando o que guardamos nas prateleiras.

 Nós não guardamos a tarefa-atrasada em si nos compartimentos, mas sim vamos acumulando partículas de vontade/desejo que aquela tarefa vai demandar de nós. É a inspiração espiritual que fica na nossa prateleira subjetiva. O que guardamos nela é a curiosidade da vontade. A vontade tem grande curiosidade para agir e conhecer. Mas essa vontade só virá recheada de outros componentes (delicadeza, serenidade, agressividade, fluidez, intensidade, precisão, praticidade, improviso, imperfeição) se deixarmos a tarefa pra depois.

 O fazer imediato impossibilita de florirmos a nossa prateleira. A vontade comete suicídio e nós cometemos um genocídio emocional. Prorrogar é saber preservar em compartimentos as sensações de cada ato prorrogado que, isoladamente, vai dando munição futura, vai se robustecendo das características necessárias que se precisa para, com maestria, concluir o que está para ser feito. Acho que temos variadas prateleiras e compartimentos internos, muito especiais, e que não nos damos conta do quanto eles podem nos fornecer motivação, curiosidade e consistência, desde que não estejam empoeiradas e trancafiadas. Mantemos nossas prateleiras e compartimentos limpos, destrancados e arejados.

 Faxina interna já!

domingo, 17 de maio de 2015

Pensamentos de dias chuvosos (5)

Enquanto escrevo você dorme
Enquanto escrevo não durmo

Você sonha com paz e harmonia
Eu escrevo com gás e energia

A vitalidade dos pensamentos clandestinos
A palavra zunindo
Místico, sempre. Desde menino

Aquele que brinca com a chuva de um vendaval
Silencia atras da roupa molhada do varal
Guardando para nós lembranças de alegrias de quintal

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Pensamentos de dias chuvosos (4)

Constrangimento e culpa dão o tom da sociabilidade. São a matéria-prima das relações contemporâneas.

Pensamentos de dias chuvosos (3)


 O vazio, por ser ser temido, é travestido de convivências onde a culpa e o constrangimento protagonizam a vida cotidiana.

Pensamentos de dias chuvosos (2)

A necessidade da sensação de pertença é uma prova de como somos reféns do outro para eliminar o medo do vazio.

Pensamentos de dias chuvosos (1)

A genuína sensação de constrangimento é uma prova de como somos reféns das noções de etiqueta social.

A genuína sensação de culpa é uma prova de como somos reféns de nós mesmos.