quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Filme - O preço do amanhã



O tempo como moeda de troca, substituindo o dinheiro é a grande sacada do filme. E também o tempo como um relógio regressivo para encerrar as vidas, isso cria uma "ética" que é passível de ser burlada a qualquer momento. As divisões de classe e bairros são separadas pela quantidade de tempo que os morados têm. Guardiões do tempo vigilantes se encarregam de manter o sist...ema em vigor, mafiosos do tempo roubam tempo na periferia, magnatas do tempo controlam o mercado financeiro-temporal e ditam rumo da vida de outros sere ...daí se desenvolve a trama do filme (qualquer semelhança com o sistema em que vivemos e o mundo do trabalho é mera coincidência).

Me lembrou muito Mad Max e Ensaio sobre a cegueira, ambos modelos de sociedades utópicas, quando a racionalidade perde para o instinto fazendo a coletividade sucumbir diante do individualismo quando o assunto é necessidade extrema de sobrevivência.

De algumas reflexões e insights que o filme desperta, uma foi se poderia existir uma sociedade anárquica (no sentido de ausência de poder do estado) em que as pessoas se organizassem e criassem suas próprias normas e modelos de vida ou se o instinto da evolução e da competição jutamente com qualquer sistema econômico criam naturalmente o desejo de ter, ter para exceder, ter para "melhorar" de vida.


Gilzando


EXTRA, EXTRA!

A NOVIDADE: DOMINGO NO PARQUE show imperdível com o ESOTÉRICO, o DRÃO  e a ESTRELA. Miscelânea dando o REALCE no PALCO.

É o PUNK DA PERIFERIA mesclado com o CAMBALACHE BACK IN BAHIA.

 VAMOS FUGIR para dançar um MARACATU ATÔMICO NOS BARRACOS DA CIDADE. Pegue o EXPRESSO 2222, ignore o CÉREBRO ELETRÔNICO e vá ANDAR COM FÉ. FÉ NA FESTA. Festa para homenagear MADALENA, FLORA, SANDRA e TODA MENINA BAIANA.

 
E  SE EU QUISER FALAR COM DEUS? E se eu quiser falar com BABÁ ALAPALÁ? Não importa, pra vocês e pra toda RAÇA HUMANA eu deixo o TEMPO REI... deixo A PAZ. Deixo AQUELE ABRAÇO.

Impurezas


Lá vou eu descendo a ladeira pra minha corridinha semanal quando passo, em diferentes momentos, por três pessoas com seus respectivos cachorros. Nos três momentos distintos, todos estavam defecando no passeio (que eu chamo de cocôzódromo) e seus donos não recolheram o que por lá ficou. Sei que tem os que recolhem, levam o saquinho, bacana. Mas aqui no itaigara, bairro em que se imagina pessoas educadas e cidadãs (apesar de insossas) a maioria dos donos, uns 80%, não recolhem ou não orientam quem passeia com o cachorro para recolher o cocô.

 Além da minha indignação por deteriorar o espaço público de seu próprio bairro, pensei imediatamente: “se o rapaz não se importa em deixar o cocô ali exposto na rua e claro que na casa dele ele não faz isso, como seria o comportamento dele nas relações cotidianas?”.

De modo que o cocô é uma síntese das impurezas do organismo, de tudo aquilo que não serve para ser aproveitado para nutrir nosso corpo, podemos fazer uma inferência com o comportamento do dono. Nas relações cotidianas, no trabalho, no trânsito, ele certamente também externaliza e expõe conscientemente as suas impurezas enquanto pessoa: sua indiferença, sua arrogância, seu egoísmo, seu cinismo, seu idiotismo. Um hipócrita dissimulado (talvez a pior categoria de “gente” que exista). Deixando exposto sem o menor pudor, sem qualquer nível de responsabilidade urbana, sem o menor senso de cidadania (assim como o cocô do cachorro que ele deixa no passeio) a sua própria impureza humana, quem de fato ele é. Uma pessoa desse nível, que não faz questão de ser gentil, de ser educada, de ser e estar preocupada com o transtorno que pode estar causando, é tão impura quanto o cocô, ou seja, é uma pessoa-cocô! Ela representa as impurezas da alma humana, de tudo aquilo que não serve para ser aproveitado para nutrir o espírito da boa convivência, para disseminar e fraternidade e um equilíbrio social harmonioso. Vamos desinfetar nossa cidade e dar descarga nas pessoas-cocô!

O tempo do tempo


Ouço com frequência ditados e metáforas relacionadas ao tempo e sua relação com a vida: “que o tempo é o melhor remédio”; “que tudo na vida tem seu tempo”;  “tem coisas que só acontecem no tempo certo”; “ele vive em outro tempo (tipo, está no mundo da lua)”; “é alguém além do tempo dele, um visionário.” Fiquei pensando que tempo seria esse?

Na música, o que dá sustentação, o “esqueleto” da música, é o tempo dela, seu balançado... o ritmo é o seu “tempo”. Ora mais lento, ora mais acelerado. A cadência é que conduz quem toca fora ou dentro do tempo, sem ela a música fica solta. Os músicos esperam o tempo do ritmo pra seguir a linha fazendo base ou solando e quem toca fora dele está descompassado, atravessado. Quem dança sem perceber o tempo fica desengonçado e esquisito. (é, de fato é importante estarmos situados no tempo, sob qualquer circunstância rs). Numa banda quem conduz o tempo é o baterista ou o ritmista. Os outros integrantes o seguem. Mas nossa vida não é uma banda, logo, não precisamos de baterista ou ritmista pra nos conduzir qual ritmo viver, trabalhar, dançar ou tocar. Temos conduzido nosso tempo ou deixado ele nos conduzir? Podemos ser, nós mesmos, senhores do nosso tempo...ritmistas de nossa vida, emancipados temporalmente. A música é simples, e assim a vida pode ser também, se assim quisermos. Seja fazendo base, solando ou improvisando.

Revanchismo


Tem gente que gosta, mas nunca achei o revanchismo saudável. Traz consigo um cardume de emoções infantis e nocivas... lembrando Roberto Jefersson: trazem à tona os “instintos mais primitivos”. Não é legal quando estamos sob o governo específico dessas emoções. Bom seria se não deixássemos elas se aproximarem, nos afastando delas, mas pra isso precisamos ter consciência de que nossas atitudes estejam sendo motivadas por essas emoções, que causam o revanchismo. Não é fácil. Talvez a construção desse próprio texto esteja sendo motivada pelo revanchismo. Um revanchismo aos revanchistas...(rs). Porém, motivado racionalmente para a escrita do tema e não pela emoção efusiva que ofusca o raciocínio. Principalmente, por uma visão romântica e utópica de extinção do revanchismo entre os seres humanos de qualquer natureza.

 Revanchismo amoroso (toma lá- dá cá), revanchismo político (combater a opressão oprimindo?), revanchismo racial (combater o racismo discriminando?), revanchismo cultural-étnico-religioso (combater a verdade absoluta sem acolher a diversidade). O natural é pensar que está atingindo o outro, da mesma forma como ele prejudicialmente fez em outros tempos. Mas isso contribui para que não haja mais revanchismos? E quem é o mais atingido? O que recebe o “troco”, ou você, que quando esteve em condições de agir para romper com o “fluxo negativo”, pra exterminar um ciclo de condutas que julga inadequadas, permitiu que o deslize do outro (um outro - real ou imaginário- que talvez não valha a pena nem  ser considerado) comandasse as suas ações? Não me parece interessante que esse outro tenha o controle e a autonomia sobre você. A felicidade é o encontro de você consigo mesmo!

Quando se deseja mudança, não se combate o que está se questionando agindo da mesma forma daquilo que você condena (Mandela deu um grande exemplo para a história da humanidade na África do Sul nesse sentido), ou então está caindo na mesma armadilha, sedutora, de reproduzir o mesmo comportamento. A renúncia ao revanchismo passa exclusivamente por uma questão de altruísmo, coerência e sensatez... e obviamente, primeiro assumir e depois aceitar, que somos todos contraditórios.