Lá vou eu descendo a ladeira pra minha corridinha semanal
quando passo, em diferentes momentos, por três pessoas com seus respectivos
cachorros. Nos três momentos distintos, todos estavam defecando no passeio (que
eu chamo de cocôzódromo) e seus donos não recolheram o que por lá ficou. Sei
que tem os que recolhem, levam o saquinho, bacana. Mas aqui no itaigara, bairro
em que se imagina pessoas educadas e cidadãs (apesar de insossas) a maioria dos
donos, uns 80%, não recolhem ou não orientam quem passeia com o cachorro para
recolher o cocô.
Além da minha indignação
por deteriorar o espaço público de seu próprio bairro, pensei imediatamente:
“se o rapaz não se importa em deixar o cocô ali exposto na rua e claro que na
casa dele ele não faz isso, como seria o comportamento dele nas relações
cotidianas?”.
De modo que o cocô é uma síntese das impurezas do organismo,
de tudo aquilo que não serve para ser aproveitado para nutrir nosso corpo,
podemos fazer uma inferência com o comportamento do dono. Nas relações
cotidianas, no trabalho, no trânsito, ele certamente também externaliza e expõe
conscientemente as suas impurezas enquanto pessoa: sua indiferença, sua
arrogância, seu egoísmo, seu cinismo, seu idiotismo. Um hipócrita dissimulado
(talvez a pior categoria de “gente” que exista). Deixando exposto sem o menor
pudor, sem qualquer nível de responsabilidade urbana, sem o menor senso de
cidadania (assim como o cocô do cachorro que ele deixa no passeio) a sua própria
impureza humana, quem de fato ele é. Uma pessoa desse nível, que não faz
questão de ser gentil, de ser educada, de ser e estar preocupada com o
transtorno que pode estar causando, é tão impura quanto o cocô, ou seja, é uma
pessoa-cocô! Ela representa as impurezas da alma humana, de tudo aquilo que não
serve para ser aproveitado para nutrir o espírito da boa convivência, para
disseminar e fraternidade e um equilíbrio social harmonioso. Vamos desinfetar
nossa cidade e dar descarga nas pessoas-cocô!
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