quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Impurezas


Lá vou eu descendo a ladeira pra minha corridinha semanal quando passo, em diferentes momentos, por três pessoas com seus respectivos cachorros. Nos três momentos distintos, todos estavam defecando no passeio (que eu chamo de cocôzódromo) e seus donos não recolheram o que por lá ficou. Sei que tem os que recolhem, levam o saquinho, bacana. Mas aqui no itaigara, bairro em que se imagina pessoas educadas e cidadãs (apesar de insossas) a maioria dos donos, uns 80%, não recolhem ou não orientam quem passeia com o cachorro para recolher o cocô.

 Além da minha indignação por deteriorar o espaço público de seu próprio bairro, pensei imediatamente: “se o rapaz não se importa em deixar o cocô ali exposto na rua e claro que na casa dele ele não faz isso, como seria o comportamento dele nas relações cotidianas?”.

De modo que o cocô é uma síntese das impurezas do organismo, de tudo aquilo que não serve para ser aproveitado para nutrir nosso corpo, podemos fazer uma inferência com o comportamento do dono. Nas relações cotidianas, no trabalho, no trânsito, ele certamente também externaliza e expõe conscientemente as suas impurezas enquanto pessoa: sua indiferença, sua arrogância, seu egoísmo, seu cinismo, seu idiotismo. Um hipócrita dissimulado (talvez a pior categoria de “gente” que exista). Deixando exposto sem o menor pudor, sem qualquer nível de responsabilidade urbana, sem o menor senso de cidadania (assim como o cocô do cachorro que ele deixa no passeio) a sua própria impureza humana, quem de fato ele é. Uma pessoa desse nível, que não faz questão de ser gentil, de ser educada, de ser e estar preocupada com o transtorno que pode estar causando, é tão impura quanto o cocô, ou seja, é uma pessoa-cocô! Ela representa as impurezas da alma humana, de tudo aquilo que não serve para ser aproveitado para nutrir o espírito da boa convivência, para disseminar e fraternidade e um equilíbrio social harmonioso. Vamos desinfetar nossa cidade e dar descarga nas pessoas-cocô!

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