terça-feira, 13 de agosto de 2013

O sapo inquieto e a formiga paciente ou "a vida em três atos"

 O sapo que vivia pulando de um lado para o outro passou o outono completamente confuso com sua inquietude instintiva, vislumbrando um dia aquietar-se, projetando saltos cada vez menos amplos e mais precisos. Sua inquietude era tanta que não pensava no amanhã. Achava que poderia viver para se superar cada vez que desse um salto mais alto do que o outro. Seu concorrente era ele mesmo, competia com seu ego e com seu desejo volúvel.

Ele caçoava da pequena e trabalhadeira formiga que não tinha o mesmo alcance e agilidade quando se deslocava. Sabendo que o inverno estava por vir e pensando em longo prazo, passou o outono pacientemente estocando restos de comida para sua comunidade e ouvindo gozações do sapo fanfarrão. A inquietude fatalmente o levaria a solidão e a arrogância. A vida em comunidade e o aprendizado da lentidão criaram perspectivas, problemas, soluções e planejamentos. A formiga paciente sempre espera o tempo certo das coisas, não exige nada imediatamente de forma pragmática. 

Na espreita, a carismática coruja, que observara a formiga e o sapo atentamente, se remeteu  por analogia as lembranças da metamorfose da lagarta que vira borboleta. Mas em seguida, lembrou  também que existem centauros, minotauros e faunos.

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