segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Açaí no Leblon

Resina, mel selvagem, colibris
granola, xarope de guaraná
o vento carioca exalando seus sabores
floresta urbana na Ataulfo de Paiva
(o mar na espreita)

Cérebro congelando, adocicado
Quase paralisado
frieza do açaí congelante

Aqui estou bem, tenho todo tempo pra mim
devaneios, divagações, dissonâncias
quanto transtorno dentro de si
só um homem sem uma mulher sabe o que é

Naquele instante intacto, viu
Dois olhos de menina
Menina marota
Dois olhos que roubaram do céu
toda sua tinta

Plantado, alonguei meus ramos
para poder tocá-la
Céu e sol
Rocha e nuvem
riso e choro

Só, num canto.

Canto que preenchia ali
sua grande imensa solidão
Solidão doce, roxa-escura e friamente gelada
Como o açaí
que o fez congelar a realidade
e a si mesmo, naquele instante

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