sábado, 6 de setembro de 2014

Tirania da informação

Não há dúvidas que a informação trouxe muitos avanços, sobretudo para aqueles mais desfavorecidos que não tinham acesso a ela. Porém a rapidez como se alastra é muitas vezes um impasse ao pensamento crítico e questionador. A violência da informação e a segurança que a sociabilidade tecnológica oferece nos impõem uma categoria de “comportamento virtualmente domesticado”. Nos acostumamos com o conforto de nossas casas. Com o hábito de consumir apenas nas delicatessens, casas-lotéricas, pet-shops, bares e lan-houses do nosso confortável bairro. Nos acomodamos com algumas ideias estabelecidas. Assumimos a sofisticação como um modelo de vida em que um aparelho eletrônico é a extensão de nosso corpo em busca, também, de lazer, informação e distração. Para quê evitamos, cada vez mais, a prática do deslocamento urbano? E as pessoas?

 Ao abdicar de enxergar a era demográfica a partir do território, deixa-se de vivenciar a territorialidade e as populações, suas comunidades, ou pequenos grupos e suas micro-políticas, que trazem a possibilidade de um “novo universo simbólico”. Este novo, que não está nas interações tecnológicas e nem nos aplicativos digitalizados que facilitam nossas vidas como verdadeiros atalhos, comunica algo: permite a troca, produz conhecimento, gera aprendizagem e constrói vínculos afetivos. Basta haver interação e comunicação.

Informação nós podemos encontrar em qualquer lugar, em qualquer meio e das mais variadas formas, inclusive com pessoas. Mas comunicação, essa vai estar, exclusivamente, na arte do encontro. Que sempre é singular e único. Mesmo que os atores se repitam, pois, sempre é inédito.

A verdadeira vida sofisticada está em saber superar a contradição de vivermos, ao mesmo tempo, governados pela informação e sabotados pela (falta de) comunicação.

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