segunda-feira, 17 de junho de 2013

Dia Histórico



Ta cansado de engarrafamento? Então vamos desengarrafar! Preço? R$0,20

 

Nunca houve momento tão propício para protestar contra as crescentes  imundices morais da política, ingerência estatal, falta de respeito com o cidadão baiano/brasileiro como agora. Vivemos em constantes engarrafamentos, sisudos, entristecidos e acostumados ao caos. Este pode se tornar um hábito prejudicial. O hábito ao sofrimento leva à banalização do que está ruim. Naturalizar o que é caótico como sendo pertencente a cultural local, minando possibilidades de mudanças efetivas.

Acho que de tantos engarrafamentos que vivemos, eles nos deixaram um pouco “engarrafados”. Sim, quem vive engarrafamentos diários, fica/vive­/está engarrafado. Engarrafado dentro de si mesmo, solitário, desiludido, impotente, paralisado numa zona de “conforto” e principalmente sem perceber possibilidades de exercer sua cidadania e se engajar socialmente com a vida urbana de sua localidade ou cidade. Graças aos engarrafamentos, podemos nos desengarrafar, que bom!

A boa notícia é que nunca foi tão barato para se “desengarrafar”. Viver desengarrafado é qualidade de vida! E não custa a anuidade do plano de saúde, nem o preço da farra com os amigos regada a música, vinho e queijos, (mas que poderia ser com cerveja, piscina e churrasco ou água de côco, acarajé e um sambinha). Também não custa o preço da sessão de psicoterapia, do RPG, do pilates, nem o preço das suaves prestações que pagamos para viajar pelo Brasil e desfrutar de lugarejos agradáveis, inóspitos e aconchegantes.

Vou detalhar como cada centavo desse seu protesto sob forma de desengarrafamento vai valer a pena, e ele tem um cunho além de legítimo, bastante terapêutico:

 R$0,01- 115 dias de greve (dias letivos!) dos professores da rede estadual em 2012.

R$,002 -  Feliciano presidente da comissão de direitos humanos.

R$ 0,03 – 12 dias de greve dos policiais da Bahia em 2012, o que demonstra a falta de habilidade política dos governantes em lidar com a situação.

R$ 0,04 – Corrupção deslavada, desmedida e descarada, arbitrariamente.

R$ 0,05 – 8 anos de ociosidade política na gestão da cidade.

R$ 0,06 – Cadê o metrô?

R$ 0,07 – Incompetência frequente na gestão do sistema que opera o ferry-boat.

R$ 0,08  - Rede Globo mascarando fatos e peneirando notícias das manifestações de acordo com sua conveniência.

R$ 0,09  - Jornalistas esportivos fazendo juízo de valor negativo em relação as manifestações. (exceção da ESPN Brasil).

R$ 0,10  - Por uma população baiana mais crítica, engajada e politizada.

R$ 0,11 – Segurança Pública (Salvador foi a quinta cidade mais violenta do Brasil  e décima quarta do mundo em 2012).

R$ 0,12 – Por mais respeito, direito e dignidade para com as minorias excluídas (negros, homossexuais, índios, deficientes)

R$ 0,13 - Indícios de barbárie, sensação de desmantelo e de não possibilidade de retorno em direção ao colapso. (fiz questão de colocar esse no 13)

R$ 0,14 - Por pessoas com mais educação, gentileza, diálogo e flexibilidade.

R$ 0,15 - Caretices burocráticas e autoritárias da Fifa em um estado dito democrático

R$ 0,16 - Wi-fi liberadas e democratização da informação.

R$ 0,17 - Menos demagogia, mais engajamento (tanto da sociedade política quanto da sociedade civil).

R$ 0,18 – Mais arte, cultura e entretenimento. Menos singular e mais plural; menos cri-cri e mais confraternização; menos estética e mais plenitude.

R$ 0,19 – Manter a chama acesa e deixar um legado para as próximas gerações. Também temos nossas implicações em tudo que está aí.

R$ 0,20 – Faça esse bem a si mesmo, você merece! Esbravejar todo seu descontentamento com a vida contemporânea. Extravase. Isso vai fazer com que melhore seu estado de espírito e perceba a força do coletivo. Cada um de vocês me representam.

Como diz Marina Colasanti no seu texto “eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia”:

 “A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.”


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